domingo, 6 de dezembro de 2009
Ficção e realidade: trágico
terça-feira, 17 de novembro de 2009
A LOUCURA
A loucura não é problema, ao contrário, é o modo como o homem consegue lidar com a realidade de modo menos traumático. E, embora pareça um contrasenso justamente por isso, é a própria falta de sentido a responsável pela beleza da insanidade mental.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
PARA UMA AUSÊNCIA DE FILOSOFIA
Basta-nos.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
De blog para blog!
Todos os dias desaparecem espécies animais e vegetais, idiomas, ofícios. Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Cada dia há uma minoria que sabe mais e uma minoria que sabe menos. A ignorância expande-se de forma aterradora. Temos um gravíssimo problema na redistribuição da riqueza. A exploração chegou a requintes diabólicos. As multinacionais dominam o mundo. Não sei se são as sombras ou as imagens que nos ocultam a realidade. Podemos discutir sobre o tema infinitamente, o certo é que perdemos capacidade crítica para analisar o que se passa no mundo. Daí que pareça que estamos encerrados na caverna de Platão. Abandonamos a nossa responsabilidade de pensar, de actuar. Convertemo-nos em seres inertes sem a capacidade de indignação, de inconformismo e de protesto que nos caracterizou durante muitos anos. Estamos a chegar ao fim de uma civilização e não gosto da que se anuncia. O neo-liberalismo, em minha opinião, é um novo totalitarismo disfarçado de democracia, da qual não mantém mais que as aparências. O centro comercial é o símbolo desse novo mundo. Mas há outro pequeno mundo que desaparece, o das pequenas indústrias e do artesanato. Está claro que tudo tem de morrer, mas há gente que, enquanto vive, tem a construir a sua própria felicidade, e esses são eliminados. Perdem a batalha pela sobrevivência, não suportaram viver segundo as regras do sistema. Vão-se como vencidos, mas com a dignidade intacta, simplesmente dizendo que se retiram porque não querem este mundo.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
O 'Curriculum Mortis', de Leandro Konder
O difícil é reconhecermos nossa própria relatividade e admitirmos que aquele que diverge de nós - por mais equivocado que nos pareça ser - em algum ponto pode ter razão.
Quando se recusa a reconhecer a possibilidade de estar errado, o sujeito cancela as lembranças desagradáveis das besteiras que fez (que todo mundo faz) e ficam na sua alegre recordação somente os títulos de glória, o registro dos acertos, o elenco das vitórias.
Isso é claramente visível numa peça que todos conhecemos, que somos obrigados a apresentar quando nos candidatamos a um emprego ou a uma promoção, a um curso ou a uma bolsa: o chamado curriculum vitae.
O curriculum vitae é, atualmente, um sucessor remoto da antiga epopéia. Os obstáculos encontrados ao longo do caminho só são lembrados para realçar a história de um herói, que supera todos os obstáculos, vence todas as batalhas.
Evidentemente, como ninguém é assim, o relato não é convincente, a pretensa epopéia é fajuta. Pelo que diz e sobretudo pelo que não diz, o curriculum vitae é uma mentira.
Numa época de campanha eleitoral, o fenômeno ganha proporções espantosas. Os candidatos a cargos eletivos falam de seus méritos como se estivessem próximos da perfeição. Se o leitor tiver a paciência de ouvi-los, poderá pensar que são santos, aguardando a canonização. Ou que são heróis mitológicos descansando após a última batalha (vitoriosa, é claro!) contra o dragão.
A verdade está longe dessa imagem demagógica. Uma certa modéstia metodológica nos ensina: somos todos aquilo que somos não só pelos sucessos, mas também pelos fracassos. Cada um tem seu lado luminoso e seu avesso sombrio. E aprendeu alguma coisa com ambos.
Ai de nós, se cedermos à tentação de só conservar conosco as lembranças que nos afagam! Ao rememorarmos nossas trajetórias, somos desafiados a superar o conforto das amnésias convenientes e precisamos digerir tudo aquilo de que participamos e que não tem dado certo.
Essa atitude, porém, ainda é rara. Os indivíduos, em geral, preferem a feira das vaidades. O que levou o poeta Fernando Pessoa a escrever no Poema em linha reta o verso famoso: ''Nunca conheci quem tivesse levado porrada''. Todos os seus amigos - queixava-se - eram príncipes, semideuses, campeões em tudo.
Muitas pessoas desenvolvem uma habilidade especial para transformar a autocrítica num auto-elogio. Muitos anos atrás, uma jornalista perguntou a um político - Carlos Lacerda - qual era o maior erro político que ele admitia ter cometido. O entrevistado respondeu que seu maior erro político era o que o deixava isolado quando dizia as coisas mais importantes e verdadeiras antes que as pessoas tivessem tido tempo suficiente para compreendê-las. Ele se declarava, então, vítima da rapidez da sua inteligência.
Habilidade e esperteza, contudo, não têm o poder de destruir a dura verdade que nos ensina: mesmo numa vida humana bem-sucedida, cheia de êxitos - mesmo na vida de um campeão mundial - existe sempre um alto coeficiente de fracassos e derrotas.
Se reconhecermos isso, passaremos a dispor de um interessante instrumento para a avaliação da sinceridade dos que procuram nos impressionar com a frenética exibição de seus triunfos. Podemos pedir a cada um deles que, paralelamente à apresentação do curriculum vitae, nos mostre, também, o que seria o seu curriculum mortis.
Teríamos, lado a lado, informações do tipo: ''fui o primeiro da classe no colégio'' e ''meus colegas me elegeram o mais chato da turma''; ''ganhei um prêmio literário aos 20 anos'' e ''meu pai era o patrocinador do concurso''; ''sempre permaneci fiel ao mesmo partido'' e ''careço completamente de independência''.
Desafiados a apresentar os dois currículos, como se sairiam os atuais candidatos a cargos eletivos? Que impressão produziriam nos eleitores? Conseguiriam nos trazer uma imagem de sinceridade? Assumiriam francamente seus erros? Ou procurariam fazer como Carlos Lacerda: tentariam fazer dos defeitos qualidades?
[13/JUL/2002] - Jornal do Brasil
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Expectativa pouco expectorante
Sabia, inclusive, que isso aconteceria, mas, mesmo assim, tomei chuva e me coloquei a céu aberto. Agora, depois da chuva passada, fica o cheirinho bom do pós-chuva, mas a certeza amarga de uma saúde debilitada.
Diante dos fatos, percebo que a via de/que escape parece irremediável, ainda mais, porque dependo de remédios que, honestamente, não parecem solucionar o caso. Gosto de pensar que estou em um momento de estabilização patológica, embora tenha a ligeira sensação de ofegância que perfaz um cansaço, mas a confiança de que algum medicamente vai solucionar o caso doentio. Talvez não a patologia em si, mas o agente viral causador dela.
E, na hipótese de solucionar, espero não ser contemplada com a surpresa de que o vírus sofreu mutação, de que se encontra mais resistente e, portanto, pronto para atacar novamente. Se isso acontecer, prometo estar já com "anti-corpus" suficiente para o combate do que chamo ex-pectus (fora do peito).
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Fotografando-me
Eu diria " se pudesse narrar com palavras os sentimentos, não necessitaria da literatura para metaforizar minha alma ou o meu mais desconhecido segredo".
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
O silêncio que grita!
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
POEMA DA NECESSIDADE - Carlos Drummond de Andrade
é preciso suportar, Antônio,
é preciso odiar Melquíades
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.
"A menos que você acredite que macaco pinta, meu bem!"
Engraçado mesmo é como ainda as pessoas trazem tanto de seu instinto para o convívio da linguagem. Vejamos: o que diferencia o homem dos animais é a palavra, a possibilidade de tentar expressar por algo, que não é corpóreo, o que penso. No entanto, acho que ainda "alguns" que se dizem entendedores da psiquê conseguem mostrar como "abanar o rabinho" ou "rosnar" são atividades corporais mais interessantes.
Estava bem, concentrada, até que fui tomada pela fala (ou latido) de alguém que se sentiu indignada porque o outro não sabia. Mas, pelo que me lembro, o Lacan sempre deixou claro que o analista deve se colocar no lugar do não-saber. Contradições da prática no pós teoria. Definitivamente, uma barbaridade analítica!
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
INTERNAÇÃO (Ferreira Gullar)
Ti/It
“Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida.” (C.Lispector)
A vida sempre nasce com um sim. O problema é que, algumas vezes, as pessoas não têm consciência disso e, preferindo viver mortas, sofrem e se angustiam. Mas o pior do pior são aquelas que são infelizes e forjam uma felicidade só porque há alguma dor psíquica que as impede de chegar a gozar do efetivo desejo que possuem. Dizer sim é mais do que o ato, é a crença de que ele representa o início, as infinitas possibilidades, o mundo que só apresenta uma certeza: o desejo do sujeito.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
É. O amor. Certamente, eu inventei este vírus em minha vida; deixei que fosse portadora dele e que manifestasse a doença mesmo, para que pudesse refleti-la e para que o objeto refletido pudesse fazer assim com os outros, um processo em cadeia. A Vivi é uma dessas pessoas que amo, uma dessas que refletem amor e que são portadoras do melhor vírus que existe.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Para refletir uma sociedade anti-heróica
Plantão 04/08 - Jornal Nacional
BELÉM - Um menino de 12 anos foi enterrado nesta terça-feira em Belém, no Pará, como herói. Ele morreu tentando salvar a vida de um amigo. Segundo a polícia, no domingo, três bandidos chegaram nesta rua atirando. Queriam matar um homem que tinha impedido o bando de roubar um celular. Crianças brincavam na rua quando os bandidos começaram a atirar. Ao perceber o perigo, Emerson Gomes, de 12 anos, correu e usou o próprio corpo para proteger um dos amiguinhos, um menino de seis anos. Emerson acabou baleado e morreu.”
Esta é uma história chocante. Digo isto, porque ficamos paralisados diante de uma atitude imediata tomada pelo menino de 12 anos. De fato, é surpreendente essa doação, já que normalmente agimos em benefício próprio.
Trata-se, sobretudo, de uma atitude bastante condizente com as histórias românticas e seus heróis. Afinal, em um universo de pessoas que se dizem românticas, é só assim mesmo que vemos atitudes heróicas: na literatura do século XIX. Aliás, continuam levando, de fato, a sério essa atitude vanguardista de acabar com o que é tradicional e, portanto, deixamos de lado atitudes como esta.
Como uma contradição de valores, a Globo mostrou uma reportagem do ilustre herói Felipe Massa que se recuperava de seu acidente. A verdade é que a matéria foi tão interessante e pareceu tão mais nacional que, enquanto a do menino durara, no máximo, 2 minutos, a do herói automobilístico durou uns 10. Ainda que quantidade não seja sinônimo de qualidade, neste caso, tenho minhas dúvidas. Verdade seja dita, não acho que o telejornalismo global deveria se ausentar das notícias sobre o piloto, embora esteja convicta de que saber “o que ele vai fazer ao chegar ao seu lar depois de sua recuperação” é bastante demais. Mas, não tanto, se lembrarmos que o que dá IBOPE mesmo é estar diante da TV e torcer pelo piloto que ganha milhões e leva, aparentemente, o nome do Brasil financiado por uma empresa vermelhinha de origem italiana. Imagino, até mesmo, a indiganação de José Saramago com o falso uso da cor que tanto movimentou sua vida marxista.
Embora a palavra herói no dicionário tenha como significado “aquele que arrisca a vida pelo dever ou em benefício de outrem” - assim como a atitude do menino- , bem como “indivíduo notabilizado por suas realizações” – assim como a do menino e do F. Massa - , prefiro acreditar que ainda saberemos valorizar, de fato, atitudes dignas de méritos de atitudes pseudo-heróicas. Afinal, a literatura tem muitos heróis que poderiam estar bem encaixados na realidade universal, resolvendo ou, quem sabe, lutando por valores mais humanos e reais, bem distantes do mundo da verossimilhança.
Limpeza da alma!
Saiba, o ludismo é a solução!
Notamos uma voz poética suave que se torna forte ao listar o nome de figuras célebres. Fica até difícil criar em nossa mente a imagem desses personagens diante de um tom tão delicado. Cabe lembrar, no entanto, que delicadeza e força não são palavras opostas. Acho, inclusive, que quanto maior a delicadeza, maior a força, maior a possibilidade do ludismo, que deveria ser tão buscado por homens vigorosos como os da música.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Princesas decaídas!
Literatura de cordel
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Eros, Psiquê e Voluptas
Me interesso mesmo por mostrar como é estar imóvel diante de algo tão metaforicamente perfeito, que engloba conceitos literários e analíticos: eros, psiquê e prazer. O triângulo perfeito. Pensando que o prazer é filho de Eros e Psiquê, muitos conceitos psicanalíticos passam pela minha cabeça e, depois de ler o poema de Pessoa ainda... nossa! só esperando o "chuá" mesmo, porque, por enquanto, só definindo como Belo.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Travessia
Passaram dias e Joana intensificava sua relação com ele. Deixara de olhar o jardim e também os bancos. Começou a perceber que sua vida era mais agradável ao lado do regador. Logicamente, ela possuía outros objetos, mas este era aquele do qual ela mais gostava. Percebeu mais: estar longe dele era estar como aqueles bancos, à espera de ocupação. Pelo menos, o regador a ocupava. Era só colocar mais água para molhar as plantas que lá estava novamente o objeto diante daquele sujeito. Ela colocava sempre água, porque sabia que seria assim o momento de conversar com ele.
A conversa foi se estendendo e, por descuido, a menina deixara o regador cair. Quebrou-o e angustiou-se porque sabia que, mesmo sendo algo sem-vida, era ele quem supria suas necessidades. Mas, devido a sua condição objetal, consertou-o e pôs-se novamente, como num ritual, a regar o jardim. A prática continuava, embora aquela cola visível a incomodasse. Mas, era possível superar incômodos, consertos e quebras. O que não podia era voltar a se sentir sozinha. E não se sentiu.
No jardim, finalmente um menino franzino sentou em um dos bancos. Acompanhada de seu regador, sentou-se no outro banco e deixou que o silêncio falasse por eles.
JORNADA 2007 - UM CASO DE AMOR PSEUDO RESOLVIDO
Mayara Neres Matos (PIBIC/UFRJ)
Orientadora: Violeta Virginia Rodrigues
Marques, Matos e Rodrigues (2006), ao estudarem as orações subordinadas adverbiais reduzidas, detectaram que, dentre as formas nominais do verbo, foram as de infinitivo que favoreceram maior número de ocorrências junto a preposições, destacando-se, como era de se esperar, em termos de uso, a preposição para, seguida de por, sem. As autoras investigaram um total de 1363 inquéritos orais e escritos dos séculos XIX e XX, 748 do PB e 615 do PE, que constituem o corpus do Projeto VARPORT. Dando continuidade ao trabalho, Matos e Rodrigues (2007) apresentam algumas justificativas para o uso das preposições como elementos capazes de ligar orações. Segundo elas, o uso das preposições como introdutor de orações reduzidas deve-se aos fatores sintático e discursivo. Nesses trabalhos, pretendeu-se mostrar que preposições se mostraram mais recorrentes ao introduzirem uma oração adverbial reduzida, bem como justificar sua presença nessas sentenças. Com base nesses resultados, objetiva-se, neste momento da pesquisa, utilizando-se o mesmo corpus, verificar nas reduzidas de infinitivo se 1) o uso das preposições está condicionado pela circunstância expressa pela oração adverbial; 2) se esse uso pode diferenciar o PB do PE; 3) se há um uso prototípico para uma determinada preposição. A análise dos dados seguirá, portanto, a orientação funcional-discursiva, ao analisar os usos das preposições que ligam orações, não apenas no nível da sentença, mas também, no nível do discurso. Os estudos que dão suporte teórico ao trabalho são os de Barreto (1999), Decat (2001), Poggio (2002) e Neves (2003).
Referências bibliográficas
BARRETO, Therezinha Maria Mello. Gramaticalização das conjunções na história do português. Salvador, UFBa, 1999. Tese de Doutorado.
DECAT, Maria Beatriz N. A articulação hipotática adverbial no português em uso. In: DECAT, Maria Beatriz N. et alii. Aspectos da gramática do português. Campinas, SP, Mercado de Letras, 2001.
NEVES, M. H. M. A extensão da análise dos elementos adverbiais para além da oração. In: Revista da ANPOLL, nº. 14, p.125-137. São Paulo, 2003.
POGGIO, Rosauta Maria G. Fagundes. Processos de gramaticalização de preposições do Latim ao Português. Salvador, Bahia, EDUFBA, 2002.
Inexatidão matemática!
Suponho que sejamos muito mais linguagem do que qualquer “produto” que obedeça à lógica matemática. Esta sempre exige, procura e chega a um denominador comum, já nós, por vezes, tendemos a buscar denominadores um tanto incomuns, diferentes e até incompatíveis. Mas, nada disso é importante. A matemática realmente não nos apetece! É ciência exata e de “exatas” não temos nada.
Já a linguagem, essa sim é a nossa cara. Complexa, instigante, desafiadora, inquietante, às vezes obscura, outras vezes reveladora. Ora é fácil, bastando apenas decodificá-la, ora é difícil, levando-nos a um desejo repentino de afastamento que, por sinal, é passageiro, pois o fascínio é maior. O que nos atrai é o mesmo que nos aproxima”.
Sendo assim, não procuramos produtos, mas entrelinhas. Não queremos o que está dito, pronto ou visível. Desejamos o que está escondido, inviolável, impenetrável. As mil facetas de uma mesma face nos desafia. Buscamos o simples, mas adoramos o que é complexo. E, nessa eterna procura, nos encontramos. Vivian e Mayara. “Côncavo e Convexo”. Português e Literatura.
Desejo que as suas “procuras” sejam achadas, principalmente a do seu “it”, que logo logo chegará.
Gosto muito de você! Feliz dia do amigo!
Estreia acrobática!
Subamos acima
Subamos além, subamos
Acima do além, subamos!
Com a posse física dos braços
Inelutavelmente galgaremos
O grande mar de estrelas
Através de milênios de luz.
Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão
Oh, acima
Mais longe que tudo
Além, mais longe que acima do além!
Como dois acrobatas
Subamos, lentíssimos
Lá onde o infinito
De tão infinito
Nem mais nome tem
Subamos!
Tensos
Pela corda luminosa
Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamos à tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite
Subamos!
Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.
Como no espasmo.
E quandoLá, acima
Além, mais longe que acima do além
Adiante do véu de Betelgeuse
Depois do país de Altair
Sobre o cérebro de Deus
Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.
E morreremos
Morreremos alto,imensamente
IMENSAMENTE ALTO.
in Poemas, sonetos e baladas
in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "O encontro do cotidiano"