quinta-feira, 30 de julho de 2009

Princesas decaídas!

Cinderela bêbada e solitária!

Chapeuzinho vermelho muito obesa por conta dos fast foods excessivos!


Branca de neve com filhos e entediada com um marido nada maravilhoso!



Literatura de cordel


Bela xilogravura e pude apreciá-la em uma exposição no Centro do RJ. Obviamente, eu me identifiquei com a reprodução acima, primeiro por conta do tema e, em segundo momento, pelos desejos, angústias da analisanda diante da analista que, honestamente, parece bem desanimada ao ouvir a paciente. O melhor de tudo: o consultório é bastante artesanal e bem deflagrador de um ambiente rústico, definitivamente amei o divã e os móveis feitos de palha!!!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eros, Psiquê e Voluptas

Estava lendo mais uma vez esta lenda e mais uma vez ela consegue me paralisar em cada detalhe mítico. Engraçado como as coisas só fazem "chuá" no a posteriori como nos disse S. Freud. Apenas tenho condição de dizer que ela mexe sempre muito comigo e, com certeza, porque tem algo de identificação.
Me interesso mesmo por mostrar como é estar imóvel diante de algo tão metaforicamente perfeito, que engloba conceitos literários e analíticos: eros, psiquê e prazer. O triângulo perfeito. Pensando que o prazer é filho de Eros e Psiquê, muitos conceitos psicanalíticos passam pela minha cabeça e, depois de ler o poema de Pessoa ainda... nossa! só esperando o "chuá" mesmo, porque, por enquanto, só definindo como Belo.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Travessia

Dois bancos no jardim à espera de ocupação. Mais ou menos assim, a menina Joana disse ao seu regador de estimação. Era um regador bonito, embora não suprisse tanto a necessidade daquela que queria mesmo era conversar, apenas falar e, para isso, aquele objeto servia. Descobrira que ele era experiente e que já vivenciara situações muito inusitadas em sua vida. Por isso gostava dele. Diante da realidade estranha daquele objeto bonito-experiente, Joana pensou em torná-lo mais do que um objeto, mas O objeto. Afinal, na falta d’ O objeto, o objeto servia. No lugar do que nunca houve, colocar um regador poderia ser interessante, ou proveitoso.
Passaram dias e Joana intensificava sua relação com ele. Deixara de olhar o jardim e também os bancos. Começou a perceber que sua vida era mais agradável ao lado do regador. Logicamente, ela possuía outros objetos, mas este era aquele do qual ela mais gostava. Percebeu mais: estar longe dele era estar como aqueles bancos, à espera de ocupação. Pelo menos, o regador a ocupava. Era só colocar mais água para molhar as plantas que lá estava novamente o objeto diante daquele sujeito. Ela colocava sempre água, porque sabia que seria assim o momento de conversar com ele.
A conversa foi se estendendo e, por descuido, a menina deixara o regador cair. Quebrou-o e angustiou-se porque sabia que, mesmo sendo algo sem-vida, era ele quem supria suas necessidades. Mas, devido a sua condição objetal, consertou-o e pôs-se novamente, como num ritual, a regar o jardim. A prática continuava, embora aquela cola visível a incomodasse. Mas, era possível superar incômodos, consertos e quebras. O que não podia era voltar a se sentir sozinha. E não se sentiu.
No jardim, finalmente um menino franzino sentou em um dos bancos. Acompanhada de seu regador, sentou-se no outro banco e deixou que o silêncio falasse por eles.

JORNADA 2007 - UM CASO DE AMOR PSEUDO RESOLVIDO

O USO DE PREPOSIÇÃO NAS ORAÇÕES ADVERBIAIS REDUZIDAS DE INFINITIVO
Mayara Neres Matos (PIBIC/UFRJ)
Orientadora: Violeta Virginia Rodrigues

Marques, Matos e Rodrigues (2006), ao estudarem as orações subordinadas adverbiais reduzidas, detectaram que, dentre as formas nominais do verbo, foram as de infinitivo que favoreceram maior número de ocorrências junto a preposições, destacando-se, como era de se esperar, em termos de uso, a preposição para, seguida de por, sem. As autoras investigaram um total de 1363 inquéritos orais e escritos dos séculos XIX e XX, 748 do PB e 615 do PE, que constituem o corpus do Projeto VARPORT. Dando continuidade ao trabalho, Matos e Rodrigues (2007) apresentam algumas justificativas para o uso das preposições como elementos capazes de ligar orações. Segundo elas, o uso das preposições como introdutor de orações reduzidas deve-se aos fatores sintático e discursivo. Nesses trabalhos, pretendeu-se mostrar que preposições se mostraram mais recorrentes ao introduzirem uma oração adverbial reduzida, bem como justificar sua presença nessas sentenças. Com base nesses resultados, objetiva-se, neste momento da pesquisa, utilizando-se o mesmo corpus, verificar nas reduzidas de infinitivo se 1) o uso das preposições está condicionado pela circunstância expressa pela oração adverbial; 2) se esse uso pode diferenciar o PB do PE; 3) se há um uso prototípico para uma determinada preposição. A análise dos dados seguirá, portanto, a orientação funcional-discursiva, ao analisar os usos das preposições que ligam orações, não apenas no nível da sentença, mas também, no nível do discurso. Os estudos que dão suporte teórico ao trabalho são os de Barreto (1999), Decat (2001), Poggio (2002) e Neves (2003).
Referências bibliográficas
BARRETO, Therezinha Maria Mello. Gramaticalização das conjunções na história do português. Salvador, UFBa, 1999. Tese de Doutorado.
DECAT, Maria Beatriz N. A articulação hipotática adverbial no português em uso. In: DECAT, Maria Beatriz N. et alii. Aspectos da gramática do português. Campinas, SP, Mercado de Letras, 2001.
NEVES, M. H. M. A extensão da análise dos elementos adverbiais para além da oração. In: Revista da ANPOLL, nº. 14, p.125-137. São Paulo, 2003.
POGGIO, Rosauta Maria G. Fagundes. Processos de gramaticalização de preposições do Latim ao Português. Salvador, Bahia, EDUFBA, 2002.

Inexatidão matemática!

Minha querida “it” à procura de seu “it”,
Suponho que sejamos muito mais linguagem do que qualquer “produto” que obedeça à lógica matemática. Esta sempre exige, procura e chega a um denominador comum, já nós, por vezes, tendemos a buscar denominadores um tanto incomuns, diferentes e até incompatíveis. Mas, nada disso é importante. A matemática realmente não nos apetece! É ciência exata e de “exatas” não temos nada.
Já a linguagem, essa sim é a nossa cara. Complexa, instigante, desafiadora, inquietante, às vezes obscura, outras vezes reveladora. Ora é fácil, bastando apenas decodificá-la, ora é difícil, levando-nos a um desejo repentino de afastamento que, por sinal, é passageiro, pois o fascínio é maior. O que nos atrai é o mesmo que nos aproxima”.
Sendo assim, não procuramos produtos, mas entrelinhas. Não queremos o que está dito, pronto ou visível. Desejamos o que está escondido, inviolável, impenetrável. As mil facetas de uma mesma face nos desafia. Buscamos o simples, mas adoramos o que é complexo. E, nessa eterna procura, nos encontramos. Vivian e Mayara. “Côncavo e Convexo”. Português e Literatura.
Desejo que as suas “procuras” sejam achadas, principalmente a do seu “it”, que logo logo chegará.
Gosto muito de você! Feliz dia do amigo!

Estreia acrobática!

Subamos!
Subamos acima
Subamos além, subamos
Acima do além, subamos!
Com a posse física dos braços
Inelutavelmente galgaremos
O grande mar de estrelas
Através de milênios de luz.

Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão

Oh, acima
Mais longe que tudo
Além, mais longe que acima do além!
Como dois acrobatas
Subamos, lentíssimos
Lá onde o infinito
De tão infinito
Nem mais nome tem
Subamos!

Tensos
Pela corda luminosa
Que pende invisível
E cujos nós são astros
Queimando nas mãos
Subamos à tona
Do grande mar de estrelas
Onde dorme a noite
Subamos!

Tu e eu, herméticos
As nádegas duras
A carótida nodosa
Na fibra do pescoço
Os pés agudos em ponta.

Como no espasmo.

E quandoLá, acima
Além, mais longe que acima do além
Adiante do véu de Betelgeuse
Depois do país de Altair
Sobre o cérebro de Deus

Num último impulso
Libertados do espírito
Despojados da carne
Nós nos possuiremos.

E morreremos
Morreremos alto,imensamente
IMENSAMENTE ALTO.

in Poemas, sonetos e baladas
in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "O encontro do cotidiano"